Sequenciamento de nova geração: conceitos e impacto na pesquisa científica e saúde

Entenda de forma clara como essa tecnologia revolucionou a análise genética

O que é o Sequenciamento de Nova Geração?


O sequenciamento de nova geração (do inglês, Next Generation Sequencing ou NGS) é um conjunto de tecnologias avançadas capazes de decifrar, de maneira rápida e precisa, as informações contidas no material genético (DNA ou RNA) de organismos vivos. Enquanto métodos, como o sequenciamento de Sanger, analisam fragmentos pequenos de DNA em etapas mais lentas e separadas, o NGS permite processar milhões de fragmentos simultaneamente, tornando possível acessar grandes volumes de dados genômicos em pouco tempo.


Como funciona o NGS?


A base do NGS é a fragmentação do material genético a ser estudado, seguida pela leitura sequencial de cada fragmento em paralelo, utilizando plataformas automáticas e altamente sensíveis. Os principais passos envolvem:


  • Extração do DNA/RNA: Isolamento do material genético da amostra de interesse.


  • Fragmentação e preparo das bibliotecas: O DNA ou RNA é quebrado em fragmentos menores (isso depende do tipo de biblioteca e amostra inicial) e ligados a adaptadores para facilitar a leitura.


  • Sequenciamento massivo: Cada fragmento é lido simultaneamente, gerando uma enorme quantidade de dados em pouco tempo.


  • Análise in silico (bioinformática): Os dados gerados são processados por computadores, que reconstroem as sequências e identificam variantes genéticas, mutações e outras características específicas, como o perfil de expressão diferencial entre grupos.


Principais vantagens do Sequenciamento de Nova Geração


O NGS trouxe avanços significativos para a biologia, medicina e diversas áreas das ciências da vida. Entre suas maiores vantagens estão:


  • Alta capacidade: Permite analisar todo o genoma de um organismo, ou regiões específicas, em um único experimento.


  • Rapidez: sequenciamento de grandes quantidades de material genético em poucas horas ou dias, um processo que antes podia levar meses.


  • Precisão: Capaz de detectar variações genéticas raras e sutis, importantes para o diagnóstico e entendimento de doenças.


  • Custo-benefício: Tornou-se cada vez mais acessível, permitindo análises em larga escala e pesquisas colaborativas.


Nos últimos anos, o custo por base do sequenciamento de nova geração (NGS) apresentou uma queda acentuada, tornando-se cada vez mais acessível para pesquisadores e clínicas. Essa redução significativa de custos permitiu a realização de análises genômicas em larga escala e favoreceu a democratização do acesso à tecnologia, viabilizando pesquisas colaborativas e projetos que antes seriam inviáveis devido às limitações financeiras.


  • Versatilidade: Pode ser aplicado em diversos tipos de amostras (tecidos, sangue, microrganismos) e para diferentes objetivos (câncer, doenças hereditárias, doenças infecciosas, biodiversidade, etc.).


Tecnologia de Long Reads: um novo horizonte no sequenciamento


Enquanto o NGS tradicional se destaca por gerar grandes volumes de leituras curtas ("short reads"), nos últimos anos a tecnologia de sequenciamento por longas leituras ("long reads") tem revolucionado ainda mais o campo da genômica. Plataformas como PacBio e Oxford Nanopore tornaram possível ler fragmentos muito mais extensos de DNA ou RNA, alcançando milhares ou até centenas de milhares de bases em uma única leitura.


Entre as principais vantagens das long reads estão:


  • Resolução de regiões complexas: As leituras longas permitem decifrar áreas repetitivas ou estruturais do genoma que eram difíceis de reconstruir com métodos convencionais.


  • Maior precisão em montagem genômica: Ao unir segmentos extensos, a montagem de genomas torna-se mais contínua e fiel à sequência original, reduzindo lacunas e ambiguidades.


  • Detecção facilitada de variantes estruturais: Rearranjos, inserções, deleções e fusões genéticas são mais facilmente identificados com leituras longas, tornando possível estudar com maior detalhe alterações que impactam a saúde e a evolução das espécies.


  • Análise aprimorada de isoformas e transcritos completos: No contexto do RNA, é possível sequenciar moléculas inteiras, identificando variantes de splicing com precisão e aprofundando o estudo da regulação gênica.


A combinação de tecnologias de short e long reads está abrindo portas para uma compreensão cada vez mais aprofundada e precisa do material genético, impulsionando avanços em pesquisa básica, medicina personalizada e biotecnologia.


Impactos para a Pesquisa Científica


O NGS revolucionou a pesquisa ao permitir:


  • Estudos de grandes populações: O NGS possibilita a análise de informações genéticas em larga escala, envolvendo centenas, milhares ou até milhões de indivíduos. Isso permite revelar padrões genéticos associados a doenças complexas, fatores de risco, resposta a medicamentos e características populacionais, tornando viável a identificação de variantes raras e o entendimento aprofundado da arquitetura genética das doenças.


  • Geração de bancos de dados genômicos: O desenvolvimento de bancos de dados genômicos robustos tornou-se realidade graças ao NGS. Esses repositórios armazenam grandes volumes de sequências genéticas provenientes de diferentes populações, espécies ou tecidos, servindo como base para pesquisas futuras, desenvolvimento de terapias personalizadas e avanços em biologia comparativa e evolução.


  • Identificação de novas espécies e análise da biodiversidade: O sequenciamento de nova geração revolucionou o estudo da biodiversidade, permitindo o mapeamento genético de organismos previamente desconhecidos e a caracterização detalhada de comunidades microbianas e macrobiológicas. Essa abordagem facilita a compreensão da dinâmica dos ecossistemas, a conservação de espécies ameaçadas e a descoberta de novos organismos com potencial biotecnológico.


Benefícios para a Saúde Humana


Na medicina, o sequenciamento de nova geração oferece aplicações que vão desde o diagnóstico até o tratamento personalizado:


  • Diagnóstico de doenças genéticas: Permite identificar mutações responsáveis por doenças hereditárias, mesmo aquelas raras ou difíceis de detectar por métodos convencionais.


  • Oncologia: Garante análise detalhada de tumores, identificando alterações genéticas específicas de cada paciente, o que auxilia em terapias direcionadas e prognósticos mais precisos.


  • Detecção de patógenos: Usado para identificar vírus, bactérias e outros agentes infecciosos de forma rápida e precisa, fundamental no controle de epidemias.


  • Medicina personalizada: Com os dados obtidos pelo NGS, tratamentos podem ser adaptados às características genéticas individuais, aumentando a eficácia e reduzindo efeitos colaterais.


Deafios e perspectivas futuras


Apesar dos avanços, ainda existem desafios, como a necessidade de infraestrutura adequada para análise de dados, profissionais qualificados e discussões sobre privacidade e ética no uso de informações genéticas. Mesmo assim, a tendência é que o NGS se torne cada vez mais integrado à rotina de laboratórios e clínicas, promovendo avanços contínuos na pesquisa e na saúde.


O sequenciamento de nova geração representa um divisor de águas na ciência moderna, ampliando horizontes e oferecendo caminhos inovadores para o conhecimento e o bem-estar humano.


Diante desse cenário de transformações e desafios, contar com uma parceira experiente faz toda a diferença. A Biomelting destaca-se como a aliada definitiva para superar todas as etapas do NGS — desde a extração até a análise avançada de dados. Com expertise, tecnologia de ponta e compromisso com a inovação, a Biomelting garante resultados confiáveis, agilidade nos processos e suporte especializado, tornando-se a escolha certa para pesquisadores, laboratórios e profissionais que buscam excelência em sequenciamento de nova geração. Seja qual for o desafio, a Biomelting está pronta para impulsionar seus projetos genômicos com qualidade e precisão.


Referências bibliográficas

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Livros fundamentais na Área

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  2. Arthur M. Lesk. Introduction to Bioinformatics. 5th ed. Oxford: Oxford University Press; 2019.
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Escrito por: Fábio Queiroz (Biólogo, mestre e doutor em Ciências da Saúde, com ampla experiência em Sequenciamento de Nova Geração e Bioinformática).

Por Fábio Ribeiro 28 de outubro de 2025
I magine que o nosso DNA seja um vasto livro, com bilhões de letras que contam a história da nossa biologia, saúde e até mesmo da nossa ancestralidade. Se antes conseguíamos ler apenas alguns parágrafos ou capítulos isolados, hoje, graças ao Sequenciamento de Genoma Completo (Whole Genome Sequencing - WGS), temos a capacidade de ler o livro inteiro, do prefácio ao epílogo. O WGS é a ferramenta mais abrangente da genômica, fornecendo a sequência completa de todo o DNA de um organismo. Mas, em um mundo onde temos opções como o Sequenciamento de Exoma Completo (WES) ou painéis genéticos mais focados, quando o WGS é realmente necessário e quais perguntas somente ele pode responder? Vamos mergulhar no potencial revolucionário do sequenciamento de genoma. O que é o Sequenciamento de Genoma Completo (WGS)? Em termos simples, o WGS é o processo de determinar a sequência exata de cada uma das bilhões de bases nitrogenadas (A, T, C, G) que compõem o DNA de um indivíduo ou organismo. Isso inclui não apenas os genes que codificam proteínas (os éxons, que representam apenas cerca de 1-2% do genoma), mas também as regiões intrônicas, as sequências regulatórias e as vastas regiões intergênicas (o chamado "DNA não codificante"). É um mapa completo, de alta resolução, de todo o material genético. Quando o WGS é Necessário e Quais Perguntas Apenas Ele Responde? Enquanto outras abordagens de sequenciamento são excelentes para perguntas específicas, o WGS brilha quando a cobertura horizontal e a abrangência são cruciais. Ele é a ferramenta de eleição para: 1. Diagnóstico de Doenças Raras e Complexas: Por que o WGS? Cerca de 85% das variantes patogênicas conhecidas estão nos éxons, mas um número crescente de doenças é causado por mutações em regiões intrônicas ou regulatórias (fora do éxon), que o WES não cobre. Para pacientes com um longo histórico de sintomas sem diagnóstico (a "odisseia diagnóstica"), o WGS pode ser a última e mais completa esperança. Pergunta que ele responde: "Existe alguma variante genética em qualquer parte do genoma que possa explicar a condição clínica?" Referência: Gilissen C, et al. Genome sequencing identifies major causes of severe intellectual disability. Nature. 2014 Jul 17;511(7509):344-7. doi: 10.1038/nature13394. 2. Identificação de Variantes Estruturais (SVs): Por que o WGS? As SVs (deleções, duplicações, inversões, translocações de grandes segmentos de DNA) são mais difíceis de detectar com tecnologias de menor cobertura ou que se concentram apenas nos éxons. O WGS oferece a resolução necessária para identificar essas grandes alterações cromossômicas. Pergunta que ele responde: "Existem grandes reorganizações no genoma que podem estar causando a doença ou conferindo uma característica?" Referência: Tattini L, D'Aurizio R, Magi A. Detection of Genomic Structural Variants from Next-Generation Sequencing Data. Front Bioeng Biotechnol. 2015 Jun 25;3:92. doi: 10.3389/fbioe.2015.00092. 3. Genômica do Câncer e Tumores Sólidos: Por que o WGS? No câncer, além das mutações pontuais, rearranjos complexos, números de cópias anormais (CNVs) e fusões de genes são comuns. O WGS pode mapear essas alterações em todo o genoma tumoral e comparar com o tecido saudável, oferecendo uma visão completa da assinatura genética do câncer. Pergunta que ele responde: "Quais são as alterações genômicas, incluindo as estruturais, presentes neste tumor que poderiam ser alvos terapêuticos ou indicar resistência a medicamentos?" Referência: Davidson AL, et al. The clinical utility and costs of whole-genome sequencing to detect cancer susceptibility variants-a multi-site prospective cohort study. Genome Med. 2023 Sep 19;15(1):74. doi: 10.1186/s13073-023-01223-1. Rosenquist R, et al. Clinical utility of whole-genome sequencing in precision oncology. Semin Cancer Biol. 2022 Sep;84:32-39. doi: 10.1016/j.semcancer.2021.06.018. 4. Genômica Populacional e Evolutiva: Por que o WGS? Para entender a diversidade genética de populações, migrações ancestrais, evolução de espécies ou a adaptação a diferentes ambientes, o WGS fornece a maior riqueza de dados possível. Pergunta que ele responde: "Como as variações genéticas se distribuem em uma população e quais insights elas oferecem sobre a história e a adaptação humana (ou de outras espécies)?" Referência: Mallick S, et al. The Simons Genome Diversity Project: 300 genomes from 142 diverse populations. Nature. 2016 Oct 13;538(7624):201-206. doi: 10.1038/nature18964. 5. Genômica de Patógenos e Microbiomas: Por que o WGS? Permite o rastreamento preciso de surtos infecciosos, a identificação de mecanismos de resistência a antibióticos e a caracterização completa de comunidades microbianas. Pergunta que ele responde: "Qual é o genoma completo de um patógeno, como ele está evoluindo e quais são os componentes genéticos e funcionais de uma comunidade microbiana?" Referência: Croucher NJ, Didelot X. The application of genomics to tracing bacterial pathogen transmission. Curr Opin Microbiol. 2015 Feb;23:62-7. doi: 10.1016/j.mib.2014.11.004. Vantagens de se fazer um Sequenciamento de Genoma Completo Optar pelo WGS traz benefícios significativos: Abrangência Inigualável: Não deixa nenhuma região do genoma de fora, maximizando a chance de encontrar variantes relevantes. Detecção de Variantes Estruturais: Superior na identificação de grandes deleções, duplicações e rearranjos. Potencial para Novas Descobertas: Permite a descoberta de variantes em regiões não codificantes, cujo papel ainda está sendo desvendado. Dados para o Futuro: O genoma é sequenciado uma vez e os dados podem ser reanalisados à medida que novos conhecimentos genéticos surgem, sem a necessidade de re-sequenciamento da amostra. Diferentes Tipos de Sequenciamento de Genoma Atualmente Apesar de o termo "WGS" se referir ao sequenciamento do genoma completo, as tecnologias que o realizam podem ser categorizadas principalmente por seus comprimentos de leitura: 1. WGS com Short Reads (ex: Illumina): Característica: Gera milhões de leituras curtas (150-300 pb). A alta cobertura (número de vezes que cada base é lida) e acurácia são suas maiores vantagens. Vantagem: Custo-benefício muito favorável para gerar grande volume de dados de alta precisão. Desvantagem: Dificuldade para resolver regiões com alta prevalência de repetições. Aplicação: Diagnóstico genético, genômica populacional, detecção de SNPs e indels. 2. WGS com Long Reads (ex: PacBio, Oxford Nanopore): Característica: Gera leituras muito mais longas (kilobases a megabases). Vantagem: Excelente para montar genomas de novo , resolver regiões repetitivas complexas e identificar variantes estruturais que as short reads têm dificuldade em cobrir. Também podem detectar modificações epigenéticas diretamente (Nanopore). Aplicação: Montagem de genomas de referência, detecção de variantes estruturais, genomas complexos de câncer, detecção direta de metilação. Desvantagem: Ainda sofre com a baixa qualidade das bases sequenciadas. Contudo, este cenário vem mudando a passos largos. Referência: Amarasinghe SL, et al. Opportunities and challenges in long-read sequencing data analysis. Genome Biol. 2020 Feb 7;21(1):30. doi: 10.1186/s13059-020-1935-5. Na BioMelting , compreendemos a complexidade e o poder do Sequenciamento de Genoma Completo. Seja para desvendar a causa de uma doença rara, entender a evolução de uma espécie ou otimizar tratamentos oncológicos, o WGS é o mapa genético mais detalhado que temos. Ele nos permite não apenas ler o livro da vida, mas também começar a compreender cada uma de suas histórias. Para mais informações sobre como o Sequenciamento de Genoma Completo pode beneficiar sua pesquisa ou diagnóstico, entre em contato com a equipe da BioMelting!
Por Fábio Ribeiro 20 de outubro de 2025
A biologia molecular avançou a passos largos nas últimas décadas, e poucas tecnologias ilustram essa evolução de forma tão marcante quanto o Sequenciamento de Nova Geração (NGS), t ambém conhecido como Sequenciamento em Larga Escala ou Sequenciamento Paralelo Massivo. Longe de ser apenas uma ferramenta de laboratório, o NGS se tornou um pilar fundamental que sustenta avanços revolucionários na pesquisa e na prática clínica. Mas, o que exatamente é o NGS e qual o tamanho do seu impacto? Do "Um de Cada Vez" ao "Milhões ao Mesmo Tempo": A Evolução do Sequenciamento Para entender o NGS, é útil olhar para seu predecessor. O Sequenciamento de Sanger, desenvolvido na década de 1970 por Fred Sanger, foi uma inovação monumental que nos permitiu ler o DNA pela primeira vez. Ele foi a base do Projeto Genoma Humano. No entanto, o método Sanger sequenciava uma única molécula de DNA por vez, tornando-o lento e caro para projetos em larga escala. O NGS rompeu essa barreira ao permitir o sequenciamento, em paralelo, de milhões a bilhões de fragmentos de DNA em uma única corrida. Essa capacidade massiva de processamento resultou em uma redução exponencial de custos e de tempo, democratizando o acesso à informação genômica. Como o NGS Funciona: Os Pilares Tecnológicos das Leituras Curtas e Longas Embora todas as plataformas de NGS compartilhem o objetivo de sequenciar DNA em paralelo, os mecanismos para atingir esse objetivo variam significativamente, especialmente entre tecnologias de leituras curtas (short reads) e de leituras longas (long reads). 1. Tecnologias de Short Reads (Ex.: Illumina): As plataformas de short reads, como as da Illumina, dominam o mercado devido à sua alta acurácia e ao alto rendimento. O processo geralmente envolve: Preparação da Biblioteca: O DNA (ou RNA convertido em cDNA) da amostra é fragmentado em pedaços curtos (geralmente de 150-500 pb). Adaptadores específicos são ligados às extremidades desses fragmentos. Amplificação em Ponte (Bridge Amplification): Os fragmentos com adaptadores são imobilizados em uma flow cell (uma lâmina de vidro com oligonucleotídeos complementares aos adaptadores). Cada fragmento se liga e é clonado in situ , formando "clusters" de milhões de cópias idênticas. Essa amplificação em ponte é crucial para gerar um sinal forte o suficiente para detecção. Sequenciamento por Síntese (SBS): Nucleotídeos modificados com terminadores reversíveis e fluorocromos são adicionados de forma sequencial. A cada ciclo, apenas um tipo de nucleotídeo se incorpora. Após a incorporação, uma câmera registra o sinal de fluorescência (cor) que identifica o nucleotídeo. O terminador e o fluorocromo são quimicamente removidos, permitindo o início do próximo ciclo de incorporação. Este processo cíclico constrói a sequência de cada fragmento no cluster, resultando em leituras curtas e de alta fidelidade. Análise Bioinformática: As leituras curtas (reads) são então alinhadas a um genoma de referência para a identificação de variantes, a quantificação de expressão gênica, etc. 2. Tecnologias de Long Reads (Ex.: PacBio SMRT e Oxford Nanopore): As plataformas de long reads, como as da Pacific Biosciences (PacBio) e da Oxford Nanopore Technologies (ONT), são valorizadas por sua capacidade de atravessar regiões repetitivas e estruturalmente complexas do genoma, embora historicamente tenham taxas de erro mais altas (que vêm diminuindo rapidamente). PacBio (Single Molecule, Real-Time - SMRT Sequencing): Preparação da Biblioteca: Moléculas de DNA são preparadas em um formato circular ( SMRTbell™ ) e ligadas a uma enzima, a DNA polimerase. Sequenciamento em Tempo Real: Cada SMRTbell se liga a um dos milhões de zero-mode waveguides (ZMWs) em uma SMRT Cell . Cada ZMW é um poço minúsculo que isola uma única molécula de DNA polimerase. Nucleotídeos marcados fluorescentemente (com o fluorocromo ligado ao fosfato) são adicionados. À medida que a polimerase incorpora os nucleotídeos, o fluorocromo é liberado e detectado em tempo real por um laser no fundo do ZMW. Isso permite ler a sequência de uma única molécula de DNA de forma contínua e produzir leituras muito longas, de dezenas a centenas de kilobases. Oxford Nanopore Technologies (ONT): Preparação da Biblioteca: Moléculas de DNA ou RNA são ligadas a proteínas motoras e ligadores, que as direcionam aos nanoporos. Não há amplificação por PCR, o que ajuda a preservar as modificações epigenéticas e a evitar vieses. Sequenciamento por Nanoporos: A molécula de DNA/RNA é desenrolada e passa através de um nanoporo (uma proteína inserida em uma membrana eletricamente condutiva). À medida que a molécula passa, ela causa uma interrupção única na corrente elétrica que flui através do poro. Diferentes sequências de nucleotídeos (ou combinações de 3-5 nucleotídeos, chamadas k-mers) produzem um padrão de corrente elétrica distinto. Sensores detectam essas alterações de corrente e algoritmos complexos de machine learning as traduzem em sequências de bases. Vantagem: Leituras ultralongas (até milhões de bases), sequenciamento em tempo real (dados disponíveis imediatamente) e portabilidade (MinION, Flongle) para aplicações de campo. Análise Bioinformática: As "reads" (sequências geradas) de ambas as tecnologias são então processadas por softwares de bioinformática especializados para controle de qualidade, alinhamento (ou montagem de novo ) e análise de variantes, expressão gênica, entre outros. As estratégias bioinformáticas diferem ligeiramente devido às características distintas de cada tipo de leitura (curta vs. longa, acurácia vs. comprimento). O Impacto Transformador do NGS na Pesquisa O NGS não apenas acelerou o seq uenciamento de genomas; ele abriu portas para novas abordagens de pesquisa, permitindo uma exploração sem precedentes da biologia molecular. Genômica e Genética: Sequenciamento de Genomas Completos (WGS) : Permite mapear todas as variantes genéticas (SNPs, indels, SVs) em um organismo, essencial para estudos de doenças complexas e evolução. Sequenciamento de Exomas Completos (WES) : Foca apenas nas regiões codificadoras de proteínas (exons), uma abordagem mais custo-efetiva para identificar causas genéticas de doenças mendelianas e câncer. Transcritômica (RNA-Seq): A transcritômica estuda o conjunto completo de moléculas de RNA (o transcriptoma) presentes em uma célula ou organismo em um dado momento. O RNA-Seq, ao sequenciar essas moléculas, permite não só quantificar a expressão de genes, mas também identificar novas transcrições e variantes de splicing. Existem diferentes estratégias de RNA-Seq, dependendo do que se deseja investigar: RNA-Seq para Transcritoma Completo (Total RNA-Seq): Sequenciamento de todos os tipos de RNA (mRNA, rRNA, tRNA, snRNA, snoRNA, etc.) presentes na amostra. É útil para uma visão abrangente da paisagem de RNA, especialmente em organismos sem um genoma de referência bem anotado, ou para investigar RNAs não codificantes. RNA-Seq com Seleção de Calda Poli-A (Poli(A) RNA-Seq): Foca na maioria dos mRNAs eucarióticos, que possuem uma cauda de poliadenina (poli(A)). Esta técnic a utiliza oligo-dT para isolar seletivamente mRNAs, eliminando RNAs ribossomais (rRNA) abundantes, que geralmente não são informativos para a expressão gênica e poderiam consumir muitos reads de sequenciamento. É o método mais comum para quantificar a expressão gênica de mRNAs. RNA-Seq para Pequenos RNAs (Small RNA-Seq): Projetado especificamente para sequenciar RNAs com menos de 200 nucleotídeos, como microRNAs (miRNAs), piwi-interacting RNAs (piRNAs) e small interfering RNAs (siRNAs). Esses pequenos RNAs são importantes reguladores da expressão gênica e estão envolvidos em diversos processos biológicos e doenças. Epigenômica (ChIP-Seq, ATAC-Seq, etc.): Permite estudar modificações no DNA (como metilação) e associações com proteínas (histonas, fatores de transcrição), revelando como a atividade gênica é regulada sem alterar a sequência de DNA. Microbiômica (16S rRNA Sequencing, Shotgun Metagenomics): Revolucionou o estudo de comunidades microbianas em ambientes complexos (intestino, solo, etc.), identificando espécies e seu potencial funcional sem a necessidade de cultivo laboratorial. O NGS na Vanguarda da Medicina Clínica A translação do NGS para a prática clínica é talvez seu impacto mais direto e visível, revolucionando diagnósticos, prognósticos e abordagens terapêuticas. Diagnóstico de Doenças Raras: O WES (Sequenciamento de Exomas Completos) e o WGS (Sequenciamento de Genomas Completos) têm um papel crescente no diagnóstico de doenças genéticas raras, muitas vezes encerrando longas "odisseias diagnósticas" para pacientes e famílias. Exemplo: Um bebê com uma condição neurológica grave e não diagnosticada, após anos de testes inconclusivos, pode ter seu exoma sequenciado. A identificação de uma mutação em um gene específico pode não só levar a um diagnóstico preciso, como também abrir caminho para terapias direcionadas ou para um acompanhamento mais adequado. Em alguns casos, isso evita procedimentos invasivos e reduz o estresse familiar. Oncologia de Precisão: No tratamento do câncer, o sequenciamento de tumores (painéis gênicos, WES ou WGS) identifica mutações específicas que podem guiar a escolha de terapias-alvo e imunoterapias, revolucionando a medicina personalizada em oncologia. Exemplo: Um paciente com câncer de pulmão não pequenas células pode ter seu tumor sequenciado. Se for encontrada uma mutação no gene EGFR , ele pode ser elegível para um inibidor de EGFR , um medicamento que atua especificamente sobre essa alteração, oferecendo um tratamento mais eficaz e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia convencional. O NGS também pode detectar mutações que conferem resistência, permitindo a mudança para outra linha terapêutica. Farmacogenômica: Ajuda a prever como um paciente responderá a um medicamento com base em seu perfil genético, otimizando dosagens e evitando reações adversas. Exemplo: Antes de prescrever um antidepressivo, como um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (ISRS), o médico pode solicitar um teste farmacogenômico. Se o paciente possuir variantes genéticas que afetam o metabolismo do medicamento (por exemplo, no gene CYP2D6 ), o médico pode ajustar a dose inicial ou escolher um medicamento alternativo para garantir a eficácia e minimizar efeitos colaterais. Diagnóstico Pré-Natal Não Invasivo (NIPT): O sequenciamento de DNA livre circulante no sangue materno (cfDNA) permite rastrear com alta precisão anomalias cromossômicas fetais (como a Síndrome de Down) de forma segura, sem os riscos de amniocentese ou biópsia de vilo corial. Exemplo: Uma gestante com idade avançada ou com outros fatores de risco para anomalias cromossômicas pode realizar o NIPT com uma simples coleta de sangue. O NGS analisa o cfDNA fetal na circulação materna, detectando excessos ou deficiências cromossômicas. Um resultado positivo indicará a necessidade de um teste diagnóstico confirmatório, mas a alta sensibilidade e especificidade do NIPT reduziram drasticamente a necessidade de procedimentos invasivos em gestações de baixo risco. Vigilância Epidemiológica e Diagnóstico de Patógenos: Em surtos e pandemias (ex.: COVID-19), o NGS permitiu o rápido sequenciamento do genoma de patógenos, rastreando sua evolução, identificando variantes e informando estratégias de saúde pública. Exemplo: Durante a pandemia de COVID-19, o sequenciamento rápido do genoma do SARS-CoV-2 por NGS permitiu identificar o surgimento e a propagação de novas variantes (como Delta e Ômicron) quase em tempo real. Essa informação foi crucial para entender a transmissibilidade, a patogenicidade e a eficácia das vacinas contra essas variantes, direcionando políticas de saúde pública e o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. Desafios e o Futuro do NGS Apesar dos avanços, o NGS ainda enfrenta desafios, como a complexidade da análise bioinformática, a interpretação de variantes de significado incerto e a necessidade de padronização em ambientes clínicos. No entanto, a constante inovação em plataformas (com leituras mais longas e menos erros), o barateamento contínuo e o aprimoramento das ferramentas de IA/Machine Learning prometem superar essas barreiras. O Sequenciamento de Nova Geração não é apenas uma tecnologia; é uma janela para a compreensão profunda da vida, abrindo caminho para uma era de medicina mais personalizada, precisa e eficaz. Na BioMelting , estamos entusiasmados em acompanhar e contribuir para essa revolução, "derretendo" os desafios e transformando dados genéticos em conhecimento que cura e inova. Quais outras aplicações utilizando NGS você conhece ou gostaria de ver mais exploradas? Compartilhe sua opinião nos comentários! Referências Goodwin S, McPherson JD, McCombie WR. 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Por Letícia Braga 14 de outubro de 2025
Na Biomelting, acreditamos que o avanço científico depende tanto de tecnologia quanto de colaboração. Por isso, desenvolvemos uma proposta que une inovação acessível, consultoria científica abrangente e um portfólio completo de serviços em um único local. Nosso objetivo é simplificar o caminho entre a hipótese e o resultado, tornando a biotecnologia de ponta mais próxima da realidade de pesquisadores e instituições em todo o país. Conheça nossos diferenciais competitivos em 3 pilares: Preço Competitivo Em um cenário onde os custos de sequenciamento genético ainda representam um grande desafio para a pesquisa, a Biomelting trabalha para tornar a inovação viável e sustentável. Nossos processos são estruturados para oferecer soluções de alta qualidade com custos otimizados, atendendo às demandas do mercado nacional sem abrir mão da precisão e da confiabilidade. Nossa política de preço possibilita competitividade para que os grupos de pesquisa e as empresas invistam em projetos genômicos com maior previsibilidade orçamentária e retorno científico garantido. Dessa forma, é possível avançar em projetos genômicos ambiciosos com melhor aproveitamento de recursos. Consultoria Científica Completa Cada projeto científico é único e é justamente por isso que oferecemos consultoria científica completa, acompanhando nossos clientes desde o desenho experimental até a interpretação dos resultados. Nossa equipe técnica e científica atua lado a lado com pesquisadores e empresas para garantir coerência metodológica, minimizar falhas e transformar dados em insights significativos. Esse suporte contínuo otimiza recursos e acelera o ciclo de desenvolvimento de pesquisa, permitindo otimizar o tempo de execução, aumentar a robustez dos resultados e ampliar o impacto das descobertas. Oferta Completa e Integrada Um dos maiores diferenciais da Biomelting é sua estrutura integrada, que reúne processamento de amostras, sequenciamento, bioinformática e interpretação científica em um só lugar. Essa integração reduz a necessidade de múltiplos fornecedores, assegura maior controle sobre cada etapa do processo e garante resultados consistentes e rastreáveis. O pesquisador ganha tempo, eficiência e tranquilidade, sabendo que todo o fluxo de trabalho está sob um mesmo padrão de qualidade. Com uma proposta orientada à eficiência, à acessibilidade e à excelência científica. A Biomelting consolida-se como uma parceira de confiança para pesquisadores, laboratórios e instituições que buscam maximizar o impacto de seus projetos. Nosso propósito é impulsionar o uso do sequenciamento no Brasil, oferecendo soluções que conectam tecnologia, conhecimento e colaboração. Mais do que um fornecedor de serviços, somos um aliado estratégico na construção de resultados que geram impacto real dentro e fora do laboratório. Escrito por: Letícia Braga (Bióloga, Mestre em Genética e Doutora em Ciências da Saúde).
Por Letícia Braga 1 de outubro de 2025
Imagine o laboratório do Dr. Almeida. Ele precisa incluir a realização de estudos genômicos complexos no seu portfólio de produtos, seja para identificar variantes genéticas em plantas resistentes à seca, mapear populações microbianas de ambientes extremos ou diagnosticar doenças raras. O Dr. Almeida e sua equipe têm a expertise científica, mas enfrenta vários desafios: Processamento de amostras para estudos genômicos, que requer cuidados específicos devido ao nível de qualidade necessário para obter resultados confiáveis. Gargalos no sequenciamento , devido à falta de infraestrutura de ponta ou capacidade limitada. Volume de dados enorme , sem bioinformática robusta para interpretar com rapidez. Incertezas no desenho experimental , que podem gerar retrabalho ou resultados pouco confiáveis. Necessidade de altos investimentos para obter toda a infraestrutura necessária para estudos genômicos. A Parceria com a Biomelting Quando o Dr. Almeida decide trabalhar com a Biomelting, várias coisas começam a acontecer, quase como apertar um botão de aceleração científica: Avaliação inicial e desenho experimental inteligente Desde o primeiro contato, a equipe da Biomelting promove uma consultoria técnica: entende os objetivos do Dr. Almeida, os tipos de amostras, o orçamento, os prazos. Se necessário, sugere o tipo de Sequenciamento de Nova Geração (NGS) mais adequado (painel, exoma, genoma completo, RNA-Seq etc.), define controles de qualidade e prevê potenciais pontos de falha antes mesmo do experimento começar. Isso evita retrabalhos. Suporte no processamento de amostras A Biomelting oferece coleta, preparação e manuseio de amostras com rigor: preservação, extração de ácido nucleico de alta qualidade, quantificação, avaliação de integridade. Uma amostra mal processada no início pode comprometer semanas de trabalho. Com processos padronizados e controle de qualidade, o laboratório do Dr. Almeida reduz perdas. Sequenciamento em larga escala com plataformas adequadas Para o Dr. Almeida, isso significa acesso a plataformas modernas de NGS, com capacidade para ler milhões de fragmentos simultaneamente, com tempo de execução otimizado. A Biomelting assegura que o sequenciamento seja eficiente, sem espera indefinida pelas máquinas, com logística eficaz, reagentes adequados e capacidade para escalar conforme a demanda. Bioinformática robusta: do dado bruto ao insight Após o sequenciamento, vem uma avalanche de dados: arquivos FASTQ, alinhamento, chamada de variantes, expressão gênica, assembleias de novo etc. A Biomelting proporciona pipelines de bioinformática experientes, com controle de qualidade digital, filtragem, normalização, anotação, visualização e interpretação. O Dr. Almeida recebe não só “dados”, mas relatórios interpretativos que ajudam a tomar decisões, tais como identificar alvos genéticos para experimentos subsequentes ou sugerir alterações no protocolo para melhorar rendimento. Redução do tempo total (turnaround time) Um dos diferenciais da Biomelting é justamente a redução do tempo de resposta aliada a custos otimizados. Com esse apoio completo, o Dr. Almeida observa que seus resultados, que antes levavam meses entre coleta e publicação ou diagnóstico, agora chegam em semanas. Isso permite ajustes mais rápidos nos projetos, evita atrasos e possibilita reagir em tempo real quando surgem problemas. Relação de parceria e suporte técnico contínuo A Biomelting não serve só como prestador de serviço, mas como parceira: depois do envio do relatório, há discussões técnicas, sugestões de refinamento, suporte pós-serviço e até treinamentos para o laboratório do Dr. Almeida internalizar algumas etapas, melhorar protocolos internos e adotar boas práticas de laboratório (controle de qualidade, rastreabilidade etc.). Isso fortalece a autonomia da equipe, mas sempre com respaldo técnico. O Impacto na Prática O Dr. Almeida consegue identificar mutações associadas a estresse hídrico em plantas dentro de um ciclo de cultivo. Dados que antes só estariam prontos após a próxima estação. Pesquisadores clínicos que dependem do sequenciamento de genes raros recebem diagnósticos mais rápidos, possibilitando intervenções médicas precoces. Estudos populacionais ou ambientais se beneficiam de agregação de amostras e escalonamento de análises, antes limitados pelas capacidades técnicas ou orçamentárias. Com a Biomelting como parceira, laboratórios como o do Dr. Almeida alcançam um novo patamar: velocidade sem comprometer qualidade, interpretação sem sobrecarga de dados e confiança para tomar decisões científicas mais assertivas. É esse tipo de aliança que acelera descobertas, preserva recursos e impulsiona o avanço da ciência no Brasil. Escrito por: Letícia Braga (Bióloga, Mestre em Genética e Doutora em Ciências da Saúde).
Por Fábio Ribeiro 8 de setembro de 2025
No mundo da biologia moderna, os laboratórios não são mais feitos apenas de tubos de ensaio e microscópios. Hoje, eles são também supercomputadores e HDs abarrotados de dados. Tecnologias como o sequenciamento de nova geração (NGS) nos permitem ler o DNA, o RNA e as proteínas com uma velocidade e um volume que eram impensáveis há uma década. O resultado? Uma avalanche de dados brutos. Terabytes de sequências genéticas, níveis de expressão de milhares de genes, estruturas de proteínas complexas... É como ter uma biblioteca com milhões de livros escritos em um idioma que ainda não entendemos completamente. É aqui que a estrela do nosso show entra em cena: a bioinformática. A bioinformática é a ponte que conecta a biologia, a ciência da computação e a estatística. Ela nos dá as ferramentas para traduzir essa montanha de dados brutos em insights poderosos, transformando números em decisões que podem curar doenças, melhorar colheitas e desvendar os mistérios da evolução. Mas como essa mágica realmente acontece? Vamos desvendar o processo passo a passo. Passo 1: A Matéria-Prima – O Código Genético em Fragmentos Tudo começa com uma amostra biológica. O objetivo é ler o código genético contido ali, a famosa sequência de As, Cs, Gs e Ts. As máquinas que fazem isso, os sequenciadores de DNA, não leem o genoma inteiro de uma vez. Em vez disso, elas geram milhões de fragmentos de leitura, conhecidos como "reads". Esses reads podem ser de dois tipos principais, cada um com sua tecnologia e aplicação: Short Reads (Leituras Curtas): Geram fragmentos muito curtos e precisos (geralmente de 50 a 300 pares de bases). A líder absoluta nesse mercado é a Illumina. Sua tecnologia de "sequenciamento por síntese" permite gerar uma quantidade massiva de dados com altíssima acurácia, sendo o padrão-ouro para estudos de variações genéticas (SNPs) e análises de expressão gênica. Long Reads (Leituras Longas): Produzem fragmentos muito mais longos (de milhares a até milhões de pares de bases). Isso é crucial para montar regiões complexas e repetitivas do genoma. As duas gigantes dessa área são a PacBio (Pacific Biosciences), com sua tecnologia SMRT (sequenciamento de molécula única em tempo real), e a Oxford Nanopore Technologies (ONT), famosa por seus sequenciadores portáteis que leem o DNA ao passar a molécula por um nanoporo. O que sai da máquina é um arquivo de texto gigante (FASTQ), que contém não apenas os reads, mas também uma pontuação de qualidade para cada letra lida. É o nosso diamante bruto. Passo 2: O Controle de Qualidade – Limpando o Ruído Dados brutos são dados "sujos". Eles contêm sequências de adaptadores (pequenos pedaços de DNA usados no preparo das bibliotecas), bases de baixa qualidade nas extremidades dos reads e outros tipos de ruído. Executar um rigoroso controle de qualidade (QC) é obrigatório. Dois dos softwares mais consagrados e utilizados pela comunidade científica para essa tarefa são: Trimmomatic : Uma ferramenta flexível e eficiente para remover adaptadores e cortar regiões de baixa qualidade dos dados de leituras curtas (Illumina). É um verdadeiro "canivete suíço" da limpeza de dados (Bolger, et al, 2014). Cutadapt : Extremamente eficiente em encontrar e remover sequências de adaptadores dos reads. É rápido e versátil, suportando tan to dados de leituras curtas quanto longas, excelente para dados de pequenos RNAs (Martin, 2011). Passo 3: O Quebra-Cabeça – Alinhamento e Montagem C om os dados limpos, é hora de montar o quebra-cabeça que é o código genético. A abordagem depende do seu objetivo. Alinhamento (Baseado em Referência): Se você tem um genoma de referência (como o humano), o objetivo é mapear cada read ao seu local correspondente. Software Principal: BWA (Burrows-Wheeler Aligner ). É um dos alinhadores mais rápidos e precisos para leituras curtas. Ideal para identificar variantes genéticas (Li & Durbin, 2009). Sua grande vantagem é a rapidez e baixo uso de memória, padrão na maioria das análises genômicas. Montagem De Novo (Sem Referência): Se você está sequenciando uma nova espécie ou uma região muito complexa, precisa montar o genoma do zero. Para Short Reads: SPAdes. É excelente para montar genomas de bactérias e organismos menores a partir de dados Illumina (Bankevich, A., et al. 2012). Possui algoritmos sofisticados que lidam bem com a cobertura desigual dos dados e produzem montagens de alta qualidade. Para Long Reads: Canu . É um montador robusto, especialmente desenhado para os desafios dos dados "long read" (PacBio ou Nanopore), que possuem uma taxa de erro um pouco maior (Koren, S., et al. 2017). Possui uma grande vantagem, ele inclui etapas de correção de erros nos próprios reads antes da montagem final, gerando resultados muito mais contínuos e precisos. Passo 4: A Descoberta – Análise e Geração de Insights Com o genoma organizado, a caça ao tesouro biológico começa. Os números se transformam em respostas. Além da busca por mutações em pacientes, podemos fazer comparações poderosas entre grupos, como em estudos de transcritômica (RNA-Seq), que avaliam o perfil de expressão dos genes: Exemplo 1 (Doença Infecciosa): Podemos comparar amostras desafiadas com um patógeno versus um grupo controle não desafiado. A análise de expressão diferencial nos mostrará quais genes o modelo experimental "liga" (como os do sistema imune) para combater a infecção e quais genes o patógeno "manipula" para sobreviver. Isso pode revelar alvos para novos medicamentos antivirais ou antibióticos. Exemplo 2 (Testando um Fármaco): Em um ensaio clínico, comparamos um grupo de pacientes tratados com um novo medicamento versus um grupo que recebeu um placebo (não tratado). Ao analisar quais genes têm sua expressão alterada pelo fármaco, entendemos seu mecanismo de ação e podemos até inferir possíveis efeitos colaterais. Exemplo Real: A Genômica em Tempos de Pandemia A pandemia de COVID-19 foi um exemplo espetacular da bioinformática em ação. Assim que as primeiras amostras do vírus foram coletadas, cientistas usaram sequenciadores (muitos deles portáteis, da Oxford Nanopore) para ler seu código genético em questão de dias (A Biomelting parabeniza e agradece à Dra. Jaqueline Goes de Jesus por sua valorosa contribuição em sequenciar o primeiro genoma do SARS-CoV-2 no Brasil no início da pandemia). A bioinformática foi crucial para: Montar o genoma do SARS-CoV-2, entendendo sua origem e relação com outros coronavírus. Desenvolver testes de diagnóstico (RT-qPCR) baseados em sequências únicas do genoma viral. Rastrear o surgimento de novas variantes (Alfa, Delta, Ômicron) em tempo real, alinhando genomas de diferentes partes do mundo e identificando mutações. Acelerar o design de vacinas de mRNA, que usam uma pequena parte do código genético do vírus para treinar nosso sistema imune. A Decisão Científica: O Ponto Final No fim dessa jornada, o que era um arquivo de texto incompreensível se torna uma decisão informada: "Este paciente possui a mutação X, portanto, o tratamento Y será mais eficaz." "Esta variante de soja possui genes de resistência à seca que podemos usar no melhoramento genético e escalar a produtividade." "Identificamos um novo alvo molecular para o desenvolvimento de antibióticos." A bioinformática é o motor da biologia moderna. É a força que transforma o potencial infinito dos dados biológicos em conhecimento prático e aplicável. Na Biomelting, entendemos que o futuro da ciência não está apenas em gerar mais dados, mas em nossa capacidade de decodificá-los, purificá-los e moldá-los em insights que mudarão o mundo. Referências Bolger, A. M., Lohse, M., & Usadel, B. (2014). Trimmomatic: a flexible trimmer for Illumina sequence data. Bioinformatics, 30(15), 2114-2120. (PMID: 24695404). Martin, M. (2011). Cutadapt removes adapter sequences from high-throughput sequencing reads. EMBnet.journal, 17(1), pp. 10-12. (DOI: 10.14806/ej.17.1.200). Li, H., & Durbin, R. (2009). Fast and accurate short read alignment with Burrows-Wheeler transform. Bioinformatics, 25(14), 1754-1760. (PMID: 19451168). Bankevich, A., et al. (2012). SPAdes: a new genome assembly algorithm and its applications to single-cell sequencing. Journal of Computational Biology, 19(5), 455-477. (PMID: 22506599). Koren, S., et al. (2017). Canu: scalable and accurate long-read assembly via adaptive k-mer weighting and repeat separation. Genome Research, 27(5), 722-736. (PMID: 28298431).  Escrito por: Fábio Queiroz (Biólogo, mestre e doutor em Ciências da Saúde, com ampla experiência em Sequenciamento de Nova Geração e Bioinformática).
30 de julho de 2025
No contexto da pesquisa científica, do desenvolvimento de produtos e prestação de serviços laboratoriais para a saúde, a adoção de Boas Práticas Laboratoriais (BPL) é essencial para garantir a qualidade, reprodutibilidade e confiabilidade dos resultados. Mais do que um conjunto de normas, as BPL representam uma cultura organizacional focada na integridade científica e na rastreabilidade dos dados, especialmente em ambientes regulados ou de alto rigor técnico. A adoção de BPL é um pré-requisito técnico essencial para a geração de dados robustos, rastreáveis e reprodutíveis, especialmente em estudos regulatórios e de caráter não clínico. A estruturação metodológica baseada em diretrizes internacionais, não apenas assegura a qualidade analítica, como também viabiliza a conformidade com exigências de órgãos reguladores como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Brasil, a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA). Mas, o que são boas práticas laboratoriais? As Boas Práticas Laboratoriais constituem um sistema de qualidade voltado para o planejamento, a execução, o monitoramento, o registro e o arquivamento de estudos laboratoriais. A origem das BPL está na década de 1970, como resposta a fraudes e má condução de estudos pré-clínicos em laboratórios de testes toxicológicos. Desde então, órgãos como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) passaram a publicar diretrizes robustas que orientam os países membros. Em um ambiente BPL, cada etapa do estudo, do delineamento experimental ao arquivamento de dados brutos, deve ser documentada e auditável. Pilares das boas práticas laboratoriais: Desenvolvimento e gestão de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) Controle ambiental de áreas técnicas e armazenamento Validação de métodos analíticos Rastreabilidade de amostras, reagentes e equipamentos Treinamento técnico contínuo e registros de qualificação de pessoal Vantagens das BPL para Instituições de Pesquisa e Laboratórios Conformidade regulatória: essencial para aprovação de estudos por agências como ANVISA, EMA e FDA. Credibilidade científica: dados confiáveis promovem maior aceitação em periódicos de alto impacto. Eficiência operacional: redução de erros, retrabalhos e custos associados. Melhoria contínua: favorece auditorias internas e externas, além da manutenção de certificações. Como a Biomelting pode ajudar? A consolidação de uma cultura de BPL é mais do que uma exigência normativa: é um diferencial competitivo. Ao investir em metodologias robustas e rigor técnico, sua instituição fortalece a integridade científica e se posiciona como referência no setor. Nosso time técnico está preparado para atuar em parceria com universidades, startups de biotecnologia e laboratórios privados que buscam serviços com elevados padrões em seus processos laboratoriais. Combinamos expertise laboratorial, visão analítica e apoio consultivo para impulsionar projetos que exigem precisão, confiabilidade e adesão às normas de BPL para oferecer serviços especializados em: Sequenciamento de nova geração (NGS) em larga escala Bioinformática aplicada à análise genética Processamento de amostras biológicas com padronização e rastreabilidade Assessoria científica e técnica para projetos de pesquisa e desenvolvimento Quer saber mais sobre as BPL? OECD (Organization for Economic Co-operation and Development). Principles of Good Laboratory Practice (GLP). OECD Series on Principles of GLP and Compliance Monitoring, Number 1, 1998. ANVISA. Guia para Implantação das Boas Práticas de Laboratório. Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2021. FDA. Good Laboratory Practice for Nonclinical Laboratory Studies. Code of Federal Regulations Title 21, Part 58, 2020. Marzano, M., Manzari, C., Filannino, D., Pizzi, R., D’Erchia, A. M., Lionetti, C., Picardi, E., Sgaramella, G., Pesole, G., Lanati, A., & De Leo, F. (2017). Good laboratory practices and L.I.M.S. system: the challenge for a Next Generation Sequencing and bioinformatic research laboratory. PeerJ. https://doi.org/10.7287/peerj.preprints.2752v Escrito por: Letícia Braga (Bióloga, Mestre em Genética e Doutora em Ciências da Saúde).